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Mostrando postagens de novembro, 2015
A dor me açoita A dor é branca e me amordaça, levanta a minha saia e mete sem dó me vira de um lado pro outro as pressas como se a minha carne fosse tão podre quanto a de uma zebra de vísceras às moscas  nas savanas da mãe África A dor desfila seus poderes na minha frente com os vestidos  que eu lavei e engomei com as próprias mãos e lavei de novo porque caiu uma gota do meu suor A dor é um homem negro que me despe, me ama, mas nunca fica porque se todo homem tem uma mulher por trás a dele sou eu, mas ele quer mostrar a que não tem cor  que é pra não manchar seu currículo impecável A dor bate as três da manhã na favela e  vem toda pomposa arrombar a minha porta e levar o meu filho até os braços da morte A dor é o camburão da políciapassando lentamente ao meu lado e me aliciando de madrugada faltando só oferecer dinheiro porque eu sou preta e o meu corpo é mais deles do que meu A dor é o olhar torto onde eu chego e nunca tem espaço pra minha cor