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Mostrando postagens de janeiro, 2017
me concede uma última conversa profunda antes de eu ir embora? eu queria destacar pela última vez os detalhes das tuas comparações gigantes e observar como mais afinco o teu sotaque quando fala de amor e quando me conta uma história engraçada nos dias ruins. li outro dia que a voz é a primeira coisa que a gente esquece quando está longe de alguém e daqui eu vejo a gente dois mil quilômetros distantes. deve ser por isso que a sua risada cada vez mais perde a forma quando me vem a lembrança de repente. ri da minha confusão pela última vez? são 21:44 agora e eu finalmente estou me dando conta de que últimas vezes acontecem tanto quanto as primeiras e sem isso a vida da gente para. você sabe. assiste ao meu desenho favorito comigo, lê teus textos favoritos pra mim e chora no meio deles, conta como você acha que nossos amigos se parecem e o quanto eles se dariam bem um dia. prometo que no fim de tudo, eu cato o que deixei contigo e devolvo em perfeito estado o pouco que você ainda não
hoje eu soltei o cabelo depois de uma semana e isso deve querer dizer alguma coisa. hoje você não vai me ligar e eu queria te contar que assisti a um filme* sobre nós e que o Marcello Gugu lançou mais um daqueles skits** bregas que eu adoro e também é sobre nós. Qual preço, além da angústia de toda madrugada, eu ainda vou pagar por me limitar a estar aqui e não ser tua? E por querer ser tua? Eu já desisti tantas vezes por amor. Me disseram que quem ama também deixa ir, mas nunca me disseram o que fazer quando se deixa ir, mas não consegue ir embora também. Eu não consigo sair do lugar. Ainda penso em você com o carinho de quem espera que tenha sido um dia ruim. E já ouvi histórias sobre esperar também ser amor. Mas ninguém disse que dói. * O perfume da memória - Oswaldo Montenegro. ** Ajami - Marcello Gugu.
eu te desafio a sentir por ela o que eu te fiz sentir naquele dia de madrugada quando você chorou ouvindo minha voz. te desafio a suspirar como você suspirou quando li uma série de textos pra você. te desafio a dedicar pra ela as músicas que falam de amor e que contam histórias que você disse querer viver comigo. diz que ela também é o seu poema de Drummond. eu te desafio. dorme com ela sem pensar em mim em nenhum momento. esquece as lembranças de nós que você tem de repente. fala na minha cara que é ela e que você não aguarda a primeira brecha pra voltar aqui e colocar as coisas no lugar. esfrega na minha boca que ela beija tão bem que você nunca mais sonhou com o meu beijo. fala que não sente tesão quando lembra do que a gente seria capaz de fazer. diz. diz que não se arrepende. só assim eu vou conseguir tirar essa esperança na tua volta do meu peito.
eu queria falar com você sem sentir que eu vou desmontar a qualquer momento. faz anos desde que inventaram a fotografia e mesmo depois de tantas mudanças, hoje eu percebi o quanto a imagem ainda é capaz de interferir no que alguém sente, quando você me enviou aquela foto. eu queria dizer -como de costume- que você é linda e que eu amo o seu nariz e a voltinha que a tua boca faz no canto quando você sorri sem mostrar os dentes. e queria pedir desculpas pela obsessão inescrupulosa pelos teus detalhes. foi aí que eu me lembrei que até uma semana atrás, eu teria dito. eu teria pedido desculpa por te deixar sem jeito. eu teria rido sem parar. você teria dito que tudo bem. você gosta. mas isso há uma semana atrás, exatamente. hoje eu tive que guardar no fundo dos meus olhos essa avalanche de coisa que eu não consigo deixar de sentir e nem eles suportaram. eu quis ser madura e mostrar como é possível aceitar sua presença sem deixar escorrer daqui pra aí o quanto nada disso faz sentido e q
eu preferia ter batido quinhentas vezes com o dedinho na quina de algum lugar. preferia também te maldizer, te xingar, jogar tuas roupas na rua -ainda que não tenha nada sobre você no meu guarda roupa. eu queria gritar, te fazer sentir culpada e a pior pessoa do universo. queria acordar amanhã com cara de quem não sente nenhuma dor e esfregar na sua cara que eu sou muito melhor que toda essa falta de cuidado e que eu sei lidar muito bem com partidas. acontece que você ainda é a melhor pessoa que eu já conheci e todo esse alarde não seria capaz de enganar a mim mesma sobre o que ainda guardo aqui.

18/01/17

tá sufocado na garganta esse grito acumuludado formado pelos suspiros que ela me provoca no meio da madrugada. não fosse eu tão estragada do âmago ao coração, não seria também inábil com o amor, que me veste dá cabeça aos pés - e sobra um pouco nas pontas de cada braço - mas o pensamento me leva a crer que o peito não o comporta. e que não alcança minhas possibilidades recebe-lo sem que seja difícil, raso ou pela metade. não fosse eu a confusão de ser amor e ainda auto-negligência, seria minha vida apenas florescer e respirar sem medo de desatar tal nó atravessado na garganta, preso no escuro da traquéia onde se aloja a insegurança. acontece que o passado é esse cheiro artificial enlatado e aerosol que se vai, mas antes trata de lhe fechar todas as vias. é impossível esquecer. eu não esqueci. a primeira vez da incerteza. do amor. me jurou amar. deitou nos braços de outro par. fingiu que pra mim iria voltar.  e partiu. eu esperei. e de novo. me escondeu. transou. dissimulado. me