Postagens

Mostrando postagens de 2015
A dor me açoita A dor é branca e me amordaça, levanta a minha saia e mete sem dó me vira de um lado pro outro as pressas como se a minha carne fosse tão podre quanto a de uma zebra de vísceras às moscas  nas savanas da mãe África A dor desfila seus poderes na minha frente com os vestidos  que eu lavei e engomei com as próprias mãos e lavei de novo porque caiu uma gota do meu suor A dor é um homem negro que me despe, me ama, mas nunca fica porque se todo homem tem uma mulher por trás a dele sou eu, mas ele quer mostrar a que não tem cor  que é pra não manchar seu currículo impecável A dor bate as três da manhã na favela e  vem toda pomposa arrombar a minha porta e levar o meu filho até os braços da morte A dor é o camburão da políciapassando lentamente ao meu lado e me aliciando de madrugada faltando só oferecer dinheiro porque eu sou preta e o meu corpo é mais deles do que meu A dor é o olhar torto onde eu chego e nunca tem espaço pra minha cor
o amor hoje é o jeito que eu acordei com o estômago remoendo as borboletas sem conseguir digerir as asas  e elas ficam assim meio voando pra lá e pra ca  fazendo cócegas na minha barriga ou o jeito que eu acordei naquele no meio do nada e o banho de cachoeira depois do sol invadindo meus cantinhos todos a água é tão gelada quanto o frio que da na espinha da nunca aos pés quando os dedos dela te tocam dos dedos entrelaçados e  em cada espaço entre um corpo e outro há de se ver sem falhas um universo e mais outro e mais mil pois cada um tem o seu e cultiva ali, naquele espaço entre um corpo e outro uma fusão de cada um o amor, hoje...  é o jeito que os olhos marcam cada detalhe como fossem câmera fotográfica pra mais tarde deitar a cabeça no travesseiro e ver tudinho refletir num sonho bom.
eu fugi eu virei mil esquinas rodei o quarteirão da minha casa pra ver se o amor cansa entrei numa rua escura pra ver se a minha pele se fundia com a noite mas ele tava lá de novo eu maldisse o salafrário mais 15 vezes escrevi um poema sangrando e entrando num quarto de espumas maluca correndo do amor mas ele estava lá ele está aqui agora e não me larga é pior que encardido em roupa branca pior que mancha de coca cola na mesa da cozinha nessa época eu sempre corria pra não apanhar e conseguia me esconder mas esse tal de amor ele me rastreia sente meu cheiro e chega no mesmo compasso que bate o coração tão sorrateiro... eu pisquei os olhos e não dava mais não adianta fugir eu me rendo 
o amor é esse sol escaldante do rio de janeiro  e a sensação dele na pele chega a 50° celsius ou mais o amor é o meu pesadelo de madrugada e o acordar depois disso e deparar com um escuro imenso o amor é a minha insônia ou a só a falta de vontade de pregar os olhos e logo vir a imagem dos fracassos do dia é aquele antidepressivo que não faz efeito e ainda é difícil de engolir a crise de ansiedade que dá de repente e te da a sensação de que  a qualquer momento a morte vai chegar pra acabar com a festa da falta de ar o amor me liga todo dia de noite e nem sabe que me traz paz e  por não saber transforma minhas manhãs em guerra o amor esmurra a minha porta todos os dias alegando que esqueceu a chave mas é tudo manha pra não me deixar esquecer que ele ta aqui e que não vai embora até eu parar com essa mania de me sabotar mas ele arde o amor quando entra depois de quase tombar minha casa, parece aquele merthiolate que a minha mãe, na infância, colocava até em corte pequeno
Você está sempre um passo a frente do meu amor E eu sinto que estou sempre demorando Demoro a dizer Demoro a demonstrar E você sai de novo desembestado  A frente do meu amor Que corre contra o teu tempo e desafia A minha falta de coragem  Meu amor...  Se teus olhos pudessem ver os meus agora Escutariam dele um tanto de coisas passadas Que eu deixei pra lá  Porque minhas pernas, menores que as tuas  Não conseguem acompanhar o compasso desse teu carinho E não conseguem tocar tuas mãos sem deixar que elas escapem Por descuido, medo ou até mesmo por gostar.
eu tenho medo de você as tuas ruas são tortas e se ligam a cada esquina tem uma encruzilhada a cada quarteirão das tuas células  e eu quase cai na tentação de vender minha alma em uma delas mas eu tenho medo de você e desse continente inteiro que tu é, da cabeça aos pés dos teus terremotos e vulcões em brasa, prestes a explodir até das tuas praias tranqüilas eu morro de medo que da uma agonia na minha nuca  pensar em explorar tuas ilhas, teus becos sem saída cada país do teu corpo e depois me perder sem saber como voltar pra mim.
Eu sonhei com você. CARALHO, Eu sonhei com você! Tão real que acordei tateando a cama, procurando -você- sabe-se lá que porra; tentei dormir de novo pra ver se tinha tal sonho de volta; surtei a ponto de quase te ligar e dizer "Caralho, eu sonhei com você!" seguido de um "agora vá tomar no seu devido cu por me fazer pipocar de tal forma às 6h da manhã!!!" Você tem ideia do que é sonhar com você? Acordar trovoando, raivando e te amando embaraçadamente, atrapalhando o sono que eu custei tanto pra conseguir? Desordenou tudo. Revirou, remexeu, re, re, re... E sabe quem vou ter que arrumar isso tudo? So-zi-nha. Tirando o dia pra explicar pra mim que o beijo do sonho não foi nada. Eu senti teus labios, teu pegar, teu carinhar, como se você estivesse aqui, mas não foi nada. Acordei sentindo o teu cheiro, -que aliás eu nunca senti- mas ta tudo certo. Não há de ser nada, NA-DA, sentir teu cheiro assim Quantas doses de "não foi nada" eu vou ter que to
Zero. Zero negativo se for possível. É como estar cheia de ar e não poder, não ter, onde solta-lo. No papel? Eu vejo as linhas, elas me veem. Suplicam! "Nos preencha, nos tire desse branco total, nos use, nos rasgue, joga tua raiva, teus amores, teus temores. Mas não nos deixe vazias assim!". Eu as ouço e sussurro, grito por dentro, clamo com os olhos: "Me ajudem, arranca daqui de dentro o que não quer sair livremente! TA PESANDO! SANGRANDO, ESTANCANDO, FERINDO OUTRA VEZ... me ajudem! [sussurros]". Elas não entendem minhas súplicas, de modo que eu as escuto o tempo todo. É desesperador. Cheguei ao vácuo, me joguei e não consegui mais sair. Zero absoluto. Escrever sobre não saber escrever, mesmo tendo tantas coisas para colocar no papel. Mesmo tendo muitos medos -inconfessos-, amores -mortos e vivos-, "sentires" e quereres para trocar com as linhas, preenche-las. Satisfazê-las. Me esqueci onde fica o inicio. Começo pelo meio, retornando ao final e pre
Como na ciranda, "o amor que tu me tinhas, era pouco e se acabou" (ou era muito e sufocou). Perdi o ar, quando teu abraço, apertava como uma camisa de força e perdi as estribeiras quando não pude mais me confiar a você. Confiar em você. É quase uma carta de despedida, onde escrevo pra ti sobre o mar que testemunhou os beijos e as trocas silenciosas de palavras tão cheias de um tudo que havia aqui dentro e aí dentro. Sobre as ruas que sentiram os pneus do carro onde ouvimos nossas músicas e dançamos sob o uníssono do universo, emanando energias sob nossas idas e vindas, daqui e dali. Sobre a minha cama se desfazendo, quando nossos corpos atritavam e ecoavam desejo e um quê de amor em cada canto que ocupamos, da casa, naquelas noites. E naqueles dias em que estar na companhia um do outro, era a chance pra um dia melhor que o outro. Sobre a intensidade e a eternidade que durou nosso pouco tempo. Tempo... "O amor que eu te tinha, era muito e dissipou", essa é a nossa
eu perdi meu endereço. deus sabe o quanto peregrinei nestes solos febris do meu próprio espírito. minhas entranhas conhecem de cor e salteado as marcas ganhas por andar exposta por este mesmo solo. e a dor trombrou comigo em todas as esquinas afim de me fazer lembrar que não há atalho nesse universo que ela não possa pegar e chegar primeiro até mim. primeiro que a coragem e a que a esperança -que além de ser a ultima que morre é também a ultima que chega. Expandir texto.. e sem endereço, se eu fui tão longe e não encontrei morada, como eu poderia voltar? no regresso as ruas são ainda mais tortas do que a minha mente poderia se lembrar e como num jogo desmontável de autorama onde eu sou peça e jogadora, o caminho mudou de lugar. atropelei todas as quinas. mas deus, ele viu meus joelhos dobrados no chão. surrados, machucados, acompanhados pela dor que não me larga e sem um pingo de esperança na cara, marcada apenas pelas queimaduras do calor escaldante, sufocante, no meu deserto interno
Sobre a convivência. Quem sou eu pra dizer o que tu sente? Quais são as tuas carências? Ela insiste em dizer "você não sabe", mas eu sei. Ela diz também "você não sente", mas eu sinto. Sinto tanto que me rasga o peito e sinto na carne. As feridas andam em carne viva e fervem, inflamam. As moscas pousam e nem mesmo elas querem ficar. As lágrimas ardem, queimam como ácido e eu sinto como se estivesse perdendo a visão. Pois eu já não vejo. Não vejo mais nós, nós. Não vejo mais o elo e aí é uma facada no estômago. A saudade crescente a cada dia, mesmo lado a lado, é uma automutilação lenta. A estrada que nos trouxe até essa casa ta se desbotando, as cores... elas estão escorrendo, derretendo, porquê saem faíscas das nossas palavras e elas incendeiam tudo. Cacos. Eu estou aos cacos e ela também. Os bom dias são vidros na garganta e as risadas soam mais desesperadas do que verdadeiras. Eu não sei mais estar perto, ela não sabe mais me ter por pe
não tem um caminho novo.  quando a gente vai, não imagina como fica o estômago de quem por ventura ficou. ontem eu estava bem no meio da palma da tua mão, mas hoje... hoje eu tenho só a ideia do teu cheiro grudada no nariz pra não me deixa esquecer que ontem eu até podia ver a tua sombra no espaço sobrando na cama, todo dia de manhã e ler na primeira pagina de qualquer coisa que a gente não tem um fim. ontem. hoje não tem mais. nem teu cheiro, nem a tua camisa no chão, nem nossos pés se trombando pela casa e dançando por estarem tão perto... diferente de ontem, quando você largou tudo no dia pra ficar. só pra ficar. hoje, meu amor ainda é teu. amanhã também. mas é ainda mais meu. diferente de ontem quando eu larguei tudo no dia pra ficar, só pra ficar.  hoje eu to largando você e pegando tudo no dia pra ir. só pra ir.
nas chegadas se o amor fosse uma cidade na chegada teria o teu nome como uma variação de "seja bem vindo" e não haveria preocupação com a partida porque é difícil querer ir embora de você e se a camisa que veste essa saudade tivesse uma estampa seria como aquela tua, do led zeppelin e a tua ausência cantaria "oh... all my love to you now" todo meu amor por você agora porque não é concebível que exista outro amanhã pra a gente acontecer se não hoje sobretudo, se eu tivesse um ato de coragem este seria me arrastar nas horas e bater na tua porta completamente nua destes fatos que amedrontam pra encostar nos teus cílios e arrombar as portas dos teus sentidos só porque é quente e esse frio que faz aqui fora eu já cansei de tentar fugir.
essa saudade que dá de manhã quando meus olhos mal se abriram e meu corpo automaticamente se contorce é que o costume de não saber se  te encontraria no meu dia e de repente encontrar as tuas coxas amassando as minhas eu ainda não larguei joguei no entulho uma vez, mas logo tratei de pegar de volta e tudo por culpa dessa tal de esperança que aciona um sei lá o que aqui nas entranhas que me faz esperar que dentro de algumas horas tu desvende todos os mistérios da tua partida e me cole a metade que caiu no dia que você foi além dos teus braços em volta da minha cintura deitados no telhado sob o céu do sul mesmo sabendo que a tua volta seria o estopim da terceira guerra mundial dentro do meu corpo meio campo minado vitima das tuas mãos dançando pelos lugares errados e explodindo todas a granadas mortas porque o seu toque é como polvora e eu não sei como me salvar sem antes me deixar queimar
o amor não comeu a minha paz nem a minha guerra minha identidade não fez digestão e eu continuo sem nome os três mal amados já encontraram um aconchego e esse puto, quando me viu na mesma calçada atravessou pro outro lado da rua.
vê, eu estou desmanchando se tento firmar os pés no chão minhas pernas derramam  cristalinas não me chamo doralda  e menos ainda  fui resgatada de um bordel pelo charmoso soropita mas está tão claro quanto água que eu estou... adoecida de amor
quando é que cê vem?  eu me esgotei de expressões propositalmente constituídas de boniteza me esgotei de tentar fazer da saudade um poema do allan jonnes, e das belezas que eu vejo no mundo inteiro quando a flor da minha pele se arrupia toda assistindo o voo de um beija-flor que é cansativo demais esperar e a cada segundo que eu espero esse beija-flor já bateu mil vezes a asa e voou quando é que cê arromba minha porta de novo? eu que me aperreio com invasões adoraria viver uma cena de filme de ação, swat, missão impossível tão impossível quanto conseguir mandar esse zero absoluto da sua presença pro espaço ou sumir numa nuvem de fumaça que seja quando é que cê para? qual é a hora do dia do tempo que cê me olha? que eu já me perdi demais nas curvas dessas hastes meio tortas que seus óculos tem e se cê num para eu fico tonta meio sem métrica que nem esse poema quando é que é?
não adianta não tem beleza nesse mundo que eu vá conseguir comparar a tua e  eu morreria dizendo o quão mais  bonita do que qualquer coisa que ja tenha queimado minhas retinas você é aliás, nem a quentura do amor de dois pinguins queima a minha retina como a íris dos teus olhos nem o vermelho mais vermelho que já conseguiram chegar no mundo das cores derrete o meu cérebro quanto a tua chegada meio em câmera lenta numa versão novelesca da musa dos meus olhos, que ja não é mais menina e mais esguia que a modelo mais bonita da passarela você desfila por cima da vida como quem flutua e nem sente o chão pisa e dos teus pés saem tantas flores que nem todos os pássaros da minha cabeça e nem todas borboletas do meu estomago conseguiriam fecundar de flor em flor esses polens que cê deixa cair despretensiosa por todo meu corpo e voltando às retinas, o teu corpo é definitivamente a coisa mais bonita que ja andei na vida
e se o amor quiser ir?  deixa ir, manda ir que o amor quando  enferruja fere e inflama e amor inflamado machuca e dói mais que a dor de mil pregos embaixo dos pés.
quanto de silêncio cabe em uma solidão? qual o volume do grito mudo que sai da tua garganta quando você não consegue abrir os ouvidos do vento e enfiar-lhe tímpano abaixo o embolo na garganta que queima as cordas vocais na indecisão de voltar ao estômago ou sair pelos olhos? qual a frequência dos teus batimentos quando teus pensamentos flutuam por todo teu corpo sem virgula provocando calafrios na nunca e seus porquês retóricos passam a querer respostas? qual teoria te contempla quando dois corpos não ocupam o mesmo espaço mas adorariam contrariar a física? o que você faz quando não tem mais nada a fazer? o que você diz quando não tem mais nada a dizer?  [silêncio]
é como uma faca rasgando o céu deixando cair do divino um amontoado dessas coisas que nenhum homem conseguiria explicar sem parecer louco. como uma dança onde os corpos não  se tocam, mas as mentes se entrelaçam e compartilham da mesma freqüência. como um prolixo contando a mais curta das histórias e adendo todos os detalhes dos traços, curvas e girassóis. detalhes estes que se omitem aos olhos dos deuses, mas se revelam a mim toda vez que você chega, agita as borboletas do meu peito e causa taquicardia no meu estomago.
é engraçada a espera a gente espera mesmo sabendo que não vem a mente cria mantras sobre nomes alimentando preces sobre aquela chegada e até quem é ateu reza pela hora em que vai ver aquelas pernas passando pela porta a voz no telefone... a mensagem que não chega e vira de novo essa estranha agonia de esperar e vigiar os centésimos dos milésimos dos segundos dos minutos do tempo que nunca passa e aquelas pernas não passam pela porta o telefone não toca a mensagem não chega, e... você não vem.

Ato.

tudo acontece todo dia no mundo cena I e enquanto maria levanta com o sol e abre a janela pra aproveitar a luz sobe seus olhos meio verde meio azuis otávio caminha descalço sob cacos resquícios do que foi a noite passada teresa arrasta o ouvido nas paredes esperando por sussurros que outrora ecoaram em sua cabeça, mas já não dizem mais nada... silêncio. cena II joão segue os dias, amargurado lembrando um perfume adocicado que rolou na tua cama e foi embora sem deixar recado e luiza saboreia um café de ontem mas não faz cara feia ela sabe o gosto que tem a vida pra quem não tem nada nem uma rima.

Sobre os teus olhos

nunca olhei teus olhos mas fechando os meus,  eu vejo nitidamente a boca dos teus que me mastigam o corpo inteiro quando ainda nem chegou perto mas me acanha por completo sempre que adentra os meus... olhos estes que procuram incessantes por respostas que só os teus podem trazer e eu juro juro! que os teus olhos desvendam todos os segredos de meu universo rasgando-os de forma descomunal tão cheios de vida são os teus... olhos.
Então eu entendi o meu vício por pernas: elas dançam. Elas nadam, andam, correm, elas fogem e voltam e envolvem e... tocam o chão. E que cada milimetro de chão tem uma história, então se é assim eu andei por milhões de história e pisei em dores e amores e dancei sob lagrimas, abraços e carícias. E toquei cada gota do oceano concreto da imensidão do ser.
a vida inteira é dor e se não dói a gente não aprende a curar, não aprende a amar. que é da dor que nasce o amor. a vida inteira é rompimento. a gente morre e nasce umas mil vezes até partir de verdade e ainda assim não há partida. a vida... é essa reta infinita cheia de pontos onde tudo termina e recomeça num número incontável de vezes. mas nunca acaba.