Sobre a convivência.
Quem sou eu pra dizer o que tu sente?
Quais são as tuas carências?
Ela insiste em dizer "você não sabe", mas eu sei.
Ela diz também "você não sente", mas eu sinto.
Sinto tanto que me rasga o peito e sinto na carne.
As feridas andam em carne viva e fervem, inflamam.
As moscas pousam e nem mesmo elas querem ficar.
As lágrimas ardem, queimam como ácido e eu sinto como
se estivesse perdendo a visão.
Pois eu já não vejo.

Não vejo mais nós, nós.
Não vejo mais o elo e aí é uma facada no estômago.
A saudade crescente a cada dia, mesmo lado a lado,
é uma automutilação lenta.
A estrada que nos trouxe até essa casa ta se desbotando,
as cores... elas estão escorrendo, derretendo,
porquê saem faíscas das nossas palavras
e elas incendeiam tudo.
Cacos.
Eu estou aos cacos e ela também.
Os bom dias são vidros na garganta e as risadas
soam mais desesperadas do que verdadeiras.

Eu não sei mais estar perto,
ela não sabe mais me ter por perto.
Perdemos.
Morremos.

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