é curioso perceber o fim do amor quando se está de fora. acompanhar o retrocesso de cada passo de dois. o jeito sem jeito, cheio de vontade, mas com pouco entusiasmo. a alegria triste em ter por perto, mas não mais pertencer. a sensação é quase como a de estar indo embora daquele lugar tão aconchegante que chega a dar um nó no coração. aperto na garganta. é mais curioso ainda, porque é tão triste ver o amor ficar ali no meio enquanto duas pessoas viram as costas uma pra outra num movimento tão lento que é quase imperceptível e aí você se dá conta de que já esteve lá, e de que alguém assistiu com o mesmo pesar, você ir embora de alguem.
o amor hoje é o jeito que eu acordei com o estômago remoendo as borboletas sem conseguir digerir as asas e elas ficam assim meio voando pra lá e pra ca fazendo cócegas na minha barriga ou o jeito que eu acordei naquele no meio do nada e o banho de cachoeira depois do sol invadindo meus cantinhos todos a água é tão gelada quanto o frio que da na espinha da nunca aos pés quando os dedos dela te tocam dos dedos entrelaçados e em cada espaço entre um corpo e outro há de se ver sem falhas um universo e mais outro e mais mil pois cada um tem o seu e cultiva ali, naquele espaço entre um corpo e outro uma fusão de cada um o amor, hoje... é o jeito que os olhos marcam cada detalhe como fossem câmera fotográfica pra mais tarde deitar a cabeça no travesseiro e ver tudinho refletir num sonho bom.
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