é curioso perceber o fim do amor quando se está de fora. acompanhar o retrocesso de cada passo de dois. o jeito sem jeito, cheio de vontade, mas com pouco entusiasmo. a alegria triste em ter por perto, mas não mais pertencer. a sensação é quase como a de estar indo embora daquele lugar tão aconchegante que chega a dar um nó no coração. aperto na garganta. é mais curioso ainda, porque é tão triste ver o amor ficar ali no meio enquanto duas pessoas viram as costas uma pra outra num movimento tão lento que é quase imperceptível e aí você se dá conta de que já esteve lá, e de que alguém assistiu com o mesmo pesar, você ir embora de alguem.
é engraçada a espera a gente espera mesmo sabendo que não vem a mente cria mantras sobre nomes alimentando preces sobre aquela chegada e até quem é ateu reza pela hora em que vai ver aquelas pernas passando pela porta a voz no telefone... a mensagem que não chega e vira de novo essa estranha agonia de esperar e vigiar os centésimos dos milésimos dos segundos dos minutos do tempo que nunca passa e aquelas pernas não passam pela porta o telefone não toca a mensagem não chega, e... você não vem.
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