Me demonizam. Eu sou, para eles, qualquer experimento científico que deu
errado, menos eu mesma. Eu sou o profano, o incompleto, a peça a mais
no quebra-cabeça e eu não me encaixo. Em casa, eu sou o disfarce, o
assunto que nunca tocam, a fase. Na rua, eu sou alguém até eles saberem.
No rolê eu sou a possível realização sexual de um homem qualquer. Mas
quando ninguém tá vendo, eu sou a dança estranha e feliz por ninguém
estar vendo; eu sou um quarto bagunçado que se ajeita bem na bagunça que
eu tenho por dentro e o alívio por ninguém estar vendo; eu sou a
preguiça, os desenhos de manhã, as leituras, a carência do cafuné de
mãe, mas principalmente o alívio por ninguém estar me vendo. E
assediando. E se afastando. E mudando de assunto. Aqui, onde eu me
escondo, eu sou eu e sou tão igual a você quanto eles. A diferença de
mim pra você, é que eu gosto dela.
como pode? só por esses olhos gigantes me engoliu as nostalgias as coincidências que até me esqueci de questionar se acredita em destino como pode? por esse sorriso largo me apresentar o futuro e acreditar tanto nas minhas palavras que afeta-me o íntimo com o interesse como pode? que o teu tom e a sensibilidade das tuas pontuações acolhem meus ideais com tanto calor nos traços que agita o peito de um jeito... como pode?
Comentários
Postar um comentário