Se me perguntasse agora se tenho algo a dizer, eu não teria. Eu já disse todas as coisas e provavelmente você não ouviu. Na verdade, você não viu e a culpa não é sua. Daí não da pra ver a minha sobrancelha arcada quando você fala de si mesmo como um rei e a minha cara de incredulidade, mas no fundo gostando de tudo; nem a minha risada quando você fala consigo mesmo distraído e eu sempre -sempre- imagino a sua cara fazendo isso, porque eu rio silenciosa pra não te desconcentrar. Que por falar em silêncio, quando eu me calo não quer dizer que eu queira desligar... eu só to esperando mais das tuas histórias. Quando eu era pequena, não tinha dessas coisas de ninguém me contar historias e por vezes eu quase dormi ouvindo as tuas. Não por desinteresse, mas por me sentir tão confortável com a tua voz que até me parece fácil dormir a noite toda sem acordar dez vezes por causa dos meus pesadelos. Enfim, isso não é um skit perfeito igual aquele do Gugu, mas eu deixaria tudo pra ser uma criança que pode correr pro teu abraço quando tem medo de dormir sozinha. Dorme comigo?
o amor hoje é o jeito que eu acordei com o estômago remoendo as borboletas sem conseguir digerir as asas e elas ficam assim meio voando pra lá e pra ca fazendo cócegas na minha barriga ou o jeito que eu acordei naquele no meio do nada e o banho de cachoeira depois do sol invadindo meus cantinhos todos a água é tão gelada quanto o frio que da na espinha da nunca aos pés quando os dedos dela te tocam dos dedos entrelaçados e em cada espaço entre um corpo e outro há de se ver sem falhas um universo e mais outro e mais mil pois cada um tem o seu e cultiva ali, naquele espaço entre um corpo e outro uma fusão de cada um o amor, hoje... é o jeito que os olhos marcam cada detalhe como fossem câmera fotográfica pra mais tarde deitar a cabeça no travesseiro e ver tudinho refletir num sonho bom.
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