olha, eu sou o desajeito, entende? eu ando numa corda bamba em pleno
centro de uma via de mão dupla e enquanto eu atravesso no meio dos
carros, o amor passa por cima de mim e destrói o que me cabe. doeria
menos se fosse aquele caminhão da placa estranha que eu vi outro dia.
vê? eu sou o desalento. eu sou a construção desamortizada no fim da rua.
e o amor passa na porta, sem sequer cogitar a hipótese de parar pra
escutar minha história. tu vê? dos três mal amados eu sou um quarto que
nunca entrou naquela prosa porque o maldito do amor comeu eles tudo e
não sobrou espaço pra mim. porque eu sou o desequilíbrio, tu consegue
ver?
não é que eu esteja sempre fugindo não é porque eu adio uma resposta adianto o relógio e os passos não é pela assimetria do espaço que não contribui pra que eu esteja perto é pela calmaria que não me abriga não me suporta então eu escorrego entre as pessoas como água corrente entre os dedos mas sempre correndo pra lugar nenhum.
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