olha, eu sou o desajeito, entende? eu ando numa corda bamba em pleno
centro de uma via de mão dupla e enquanto eu atravesso no meio dos
carros, o amor passa por cima de mim e destrói o que me cabe. doeria
menos se fosse aquele caminhão da placa estranha que eu vi outro dia.
vê? eu sou o desalento. eu sou a construção desamortizada no fim da rua.
e o amor passa na porta, sem sequer cogitar a hipótese de parar pra
escutar minha história. tu vê? dos três mal amados eu sou um quarto que
nunca entrou naquela prosa porque o maldito do amor comeu eles tudo e
não sobrou espaço pra mim. porque eu sou o desequilíbrio, tu consegue
ver?
como pode? só por esses olhos gigantes me engoliu as nostalgias as coincidências que até me esqueci de questionar se acredita em destino como pode? por esse sorriso largo me apresentar o futuro e acreditar tanto nas minhas palavras que afeta-me o íntimo com o interesse como pode? que o teu tom e a sensibilidade das tuas pontuações acolhem meus ideais com tanto calor nos traços que agita o peito de um jeito... como pode?
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