olha, eu sou o desajeito, entende? eu ando numa corda bamba em pleno
centro de uma via de mão dupla e enquanto eu atravesso no meio dos
carros, o amor passa por cima de mim e destrói o que me cabe. doeria
menos se fosse aquele caminhão da placa estranha que eu vi outro dia.
vê? eu sou o desalento. eu sou a construção desamortizada no fim da rua.
e o amor passa na porta, sem sequer cogitar a hipótese de parar pra
escutar minha história. tu vê? dos três mal amados eu sou um quarto que
nunca entrou naquela prosa porque o maldito do amor comeu eles tudo e
não sobrou espaço pra mim. porque eu sou o desequilíbrio, tu consegue
ver?
é engraçada a espera a gente espera mesmo sabendo que não vem a mente cria mantras sobre nomes alimentando preces sobre aquela chegada e até quem é ateu reza pela hora em que vai ver aquelas pernas passando pela porta a voz no telefone... a mensagem que não chega e vira de novo essa estranha agonia de esperar e vigiar os centésimos dos milésimos dos segundos dos minutos do tempo que nunca passa e aquelas pernas não passam pela porta o telefone não toca a mensagem não chega, e... você não vem.
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